Entrenós: o primeiro guarda-roupa compartilhado de São Luís

Quem nunca pediu uma roupa emprestada ou pelo menos pensou em pedir? Principalmente quando você sabe que, provavelmente, só vai usar a peça uma única vez, como os vestidos de festa, por exemplo. Pensando nesse desejo de consumo momentâneo, Patrícia Bello criou a Entrenós, um clube de roupas em que, por meio de uma assinatura mensal, é possível ter acesso a todo o acervo de roupas da loja. A ação que estimula a moda consciente e sustentável tem conquistado muitas adeptas.
“É como se fosse uma Netflix, só que de roupas. O acervo tem todo os tipos de peças, do básico a roupas com paetê e para casamento”, explica a empresária que entrou no mundo da moda após não se sentir mais satisfeita com os trabalhos que desenvolvia no âmbito jurídico.
Apesar de ser formada em Direito, Patrícia não se via mais trabalhando na área e resolveu se jogar em uma jornada de autoconhecimento.
“Há dois anos descobri que queria trabalhar com moda, mas não com essa moda de produzir muito, usar pouco e descartar rapidamente. Com isso, passei a fazer cursos de moda consciente, foi quando eu conheci o André Carvalhal, que mudou totalmente o meu mindset, me fazendo mergulhar no universo da moda sustentável”.
Consumo colaborativo
Com um ano e nove meses de funcionamento, a Entrenós se destaca no roll de negócios criativos de São Luís. Atraindo um público variado, que não se resume apenas às mulheres, o negócio atrai, principalmente, pessoas que estão dispostas a viver novos hábitos.
“A procura pelo nosso serviço tem sido muito satisfatória. As pessoas estão curiosas, querendo experimentar essa nova forma de consumir, isso tem sido maravilhoso. Artistas têm amado ter a possibilidade de alugar roupas para usar em apresentações, lives, fotos e etc”.
Com mensalidades que variam de R$120,00 a R$400,00, todas as peças do acervo têm a sua própria pontuação. Por exemplo, camisas e calças valem 20 pontos, vestidos, 30 pontos. Dessa forma, o assinante vai usando sua pontuação conforme as suas necessidades, até completar o valor da mensalidade, que é renovada quando no fim de cada mês.
Esse modelo de negócio, que Patrícia teve como inspiração a Roupateca, loja localizada em São Paulo, faz parte da grande área da economia colaborativa, que já integra a vida de boa parte dos brasileiros, principalmente daqueles que são adeptos à serviços como: aluguel de imóveis para curta temporada, espaços de trabalho compartilhados e outros.
De acordo com a projeção realizada pela PWC Brasil, a economia compartilhada deverá movimentar US$ 335 bilhões em 2025, valor de grande destaque quando comparado com a movimentação de US$ 15 bilhões que o setor realizou em 2014.
Sustentabilidade
Questionando a sociedade sobre o consumismo, o guarda-roupa compartilhado traz questões importantes para as pessoas: “eu preciso mesmo de mais uma peça de roupa?”. Esse tipo de pensamento tem se difundido cada vez mais não só no Brasil, mas também no mundo.
“Somos adeptas de comprar e compartilhar roupas que já estão circulando, e não comprar novas peças. Moda sustentável é ressignificar aquela vestimenta que está parada no seu armário, reciclar, dar vida nova a ela e não descartar”.
“Tudo que é novo leva um tempo para ser aceito na sociedade, e com a gente tem sido um exercício diário explicar como a loja funciona. É o primeiro guarda-roupa compartilhado de São Luís, então, isso leva tempo para virar algo comum. Entretanto, todas as pessoas que conhecem o projeto ficam encantadas com a ideia, sem preconceito para compartilhar, pelo contrário, as pessoas estão cada vez mais conectadas com o nosso propósito”, finaliza.