Mercado erótico

Oportunidades e desafios do mercado erótico em São Luís

Quando Val Valentyne cursava odontologia, ela nem imaginava que também iria trabalhar em uma área totalmente diferente do que estudava, o mercado erótico. “Em 2010 estava em São Paulo fazendo um curso na área da Odontologia e, em um dos módulos, uma das dentistas foi a um curso sensual e…
Acessórios eróticos

Quando Val Valentyne cursava odontologia, ela nem imaginava que também iria trabalhar em uma área totalmente diferente do que estudava, o mercado erótico.

“Em 2010 estava em São Paulo fazendo um curso na área da Odontologia e, em um dos módulos, uma das dentistas foi a um curso sensual e nos falou sobre a novidade. Fomos a um sex shop e vi a oportunidade do negócio, pesquisei e resolvi abrir a empresa dois meses depois”, conta a empresária, que hoje é dona da Valentyne Boutique Sensual, especialista em Prótese Dentária e Mestre em Reabilitação Oral.

Apesar de ser um mundo à parte e ainda estigmatizado por causa dos tabus sociais, o mercado erótico tem atraído a cada dia novos investidores que enxergam a sua ascensão no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico (ABEME), o setor movimenta, por ano, cerca de R$1 bilhão de reais no país. Rentabilidade que chamou a atenção de Val Valentyne, que já está na área há nove anos.

Fachada da Boutique Val Valentyne
Boutique Val Valentyne

“É um grande desafio trabalhar nesse mundo, ainda existe muito preconceito e dificuldades, mas como gosto de desafios, para mim se torna estimulante e prazeroso”, declara a empresária, que iniciou o negócio pela internet e hoje já é dona de um ponto físico na capital maranhense. 

A escassez e a oportunidade

Para Alexandre Gois, dono do sex shop Lojas de Amor, a vontade de trabalhar no ramo veio da falta e da limitação das empresas que trabalham com produtos eróticos em São Luís, percepção que teve após ir a uma loja de artefatos eróticos com a namorada e encontrar poucas opções e produtos já ultrapassados.

Acessórios eróticos

“Apesar de você só ver o retorno depois de quase um ano, investir no setor erótico é algo positivo e satisfatório, tanto que eu já tenho a minha boutique há dezessete anos”, conta Alexandre, que percebe que a maior parte do seu público é feminino.

“As mulheres e os casais são os que mais procuram pelos nossos produtos. Geralmente, quando o homem vai sozinho à nossa loja, é porque a companheira pediu”. 

Essa percepção do público principal também é compartilhada por Val Valentyne, que passou a oferecer cursos voltados para a sexualidade feminina.

“Os cursos são escolhidos através de pesquisa com nossas clientes. Os temas variam entre: dicas para sair da rotina, pompoarismo, danças sensuais, maquiagem, estilo pessoal, fantasias sensuais, massagem a dois, chá de lingerie e alimentos afrodisíacos. Nosso foco é fazer com que a mulher se conheça mais e perceba seu poder e seu prazer”, garante Valentyne. 

Os paradigmas

O sexo é considerado um tema tabu pela sociedade há muito tempo. Religião, falta de conhecimento do corpo humano e outros tópicos influenciaram a vergonha em falar sobre o assunto e ao pensamento que as relações só precisam ficar entre quatro paredes.

Porém, com a propagação de informações e debates promovidos pela sociedade, aos poucos a temática vem se tornando algo comum nas rodas de conversas, o que também encoraja a busca por mais conhecimento e, consequentemente, pelos sex shops.

Val Valentyne
Val Valentyne

“Acredito que vivemos em um constante estado de evolução, não só sexual, mas em todos os segmentos. No momento que acreditarmos que não precisamos mais evoluir, significa que não temos mais interesse em crescer, em nos desenvolver”, afirma Val Valentyne, que também destaca que, apesar da evolução, ainda é preciso atuar com discrição no mercado.

“Realizamos a nossa atividade sempre pensando no cliente e no seu bem estar. E apesar de frequentar a loja, nem sempre a pessoa se sente à vontade quando o assunto é sexo”. 

Mercado

De acordo com o portal Mercado Erótico, entre março e agosto de 2020, a venda de vibradores teve um crescimento de 50%. Em cerca de três meses, aproximadamente 1 milhão de unidades foram vendidas aqui no Brasil.  O setor em geral teve um crescimento de 12%, segundo os dados da Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico, chegando a faturar R$ 2 bilhões no último ano. As vendas através de aplicativos de mensagens e redes sociais foram responsáveis por 90% das compras.